Quando decidimos seguir uma agenda regular de exposições no Barracão convidar outros artistas nos pareceu o caminho mais interessante. Juntamos artistas da casa com artistas convidados em exposições planejadas coletivamente. Assim, o conceito simples de Barracão Maravilha Convida passou a representar muito das intenções de aproximação entre público e artistas que desejamos provocar, apresentando artistas com trajetórias muito jovens, ou com experiências em diferentes áreas do universo artístico. O resultado é a convivência constante com novas idéias e conceitos sobre a arte na atualidade, uma melhor compreensão das estratégias de profissionalização das atividades artísticas, a aproximação com outras instituições, etc.
Para esta exposição, inúmeros artistas surgiram nas conversas como possibilidade. Quatro dos seis artistas convidamos com base nas experiências que tivemos juntos em exposições realizadas no Barracão Maravilha: Túlio Bambino, Adeildo Roriz, Kristofer Paetau e Cadu D’Oliveira. Os outros dois que completam o grupo, Anita Sobar e Nobuyuki Ogata (Nobu), participam nesta ocasião, pois mirávamos há algum tempo a colaboração em uma atividade com eles.
Três artistas do grupo utilizam o audiovisual como recurso inerente ao trabalho – Túlio, Kristofer e Nobu. O vídeo é um fetiche para nós (do Barracão Maravilha). Pelo encantamento que é capaz de provocar, pela difusão ultramassiva no imaginário coletivo, pelas diferentes possibilidades técnicas à disposição atualmente... Os três artistas têm origens profissionais muito distintas, e nisso baseamos a maior parte da nossa escolha para convidá-los, além da qualidade das suas obras. Túlio e Nobu realizam trabalhos nas áreas de cinema e design, respectivamente, flertando eventualmente com o circuito de obras de arte realizadas com exclusividade para galerias e museus, que é onde (e para onde) Kristofer pensa e cria suas obras.
De outro modo, e utilizando outros meios, completam o conjunto da exposição a artista Anita e os artistas Cadu e Adeildo. Em suas obras podemos observar o resultado da artesania no processo de elaboração, da apropriação de imagens e objetos extraídos da publicidade excessiva da rua, dos circuitos de consumo de informação e lazer baratos, do seu redesenho e ressignificação, evidenciando as contradições desses circuitos e as impossibilidades imediatas de interagir com eles.
Há algo de concreto e aparentemente bruto nos meios utilizados por esses artistas – Anita, Cadu e Adeildo. Em contradição, há o objeto industrial e tecnologicamente perfeito que os meios audiovisuais, geralmente, têm como característica técnica representar. Talvez pela aparência imaterial da sua qualidade luminosa. Eis então uma grande oportunidade de ver o resultado dessa fusão.
A convite do Centro de Arte Hélio Oiticica, temos a oportunidade de apresentar o Barracão Maravilha Convida com dimensões de tempo e produção maiores, permitindo uma infinidade de novas relações de idéias, de prazer contemplativo, de delírio, ironia e lucidez, possíveis de se estabelecer a partir e através das obras desses artistas que generosamente aceitaram o convite do Barracão Maravilha e do Centro de Arte Hélio Oiticica.
Muito agradecido a todos!
Barracão Maravilha