Exposição no Hélio Oiticica

Nas postagens abaixo segue um breve resumo da exposição que o Barracão Maravilha montou no Centro de Arte Hélio Oiticica.

Ecos de Hélio está dividida em duas partes, no piso térreo, os artistas Adeildo Roriz, Anita Sobar, Cadu D'Oliveira, Kristofer Paetau, Nobuyuki Ogata e Túlio Bambino, convidados e com curadoria do Barracão.

No segundo pavimento os artistas da casa Hugo Richard, Natali Tubenchlak, Robson e Zé Carlos Garcia.


Falta ainda postar os vídeos de Kristofer, de Nobu e de Túlio, o que faremos o mais breve possível.


A exposição fica até o dia 20 de dezembro. Vale à pena conferir!

O Centro de Arte Hélio Oiticica fica na Rua Luís de Camões, 68, RJ.


As fotos publicadas são de autoria de Hugo Richard e de Diego Rosa, obrigado a eles!



Barracão Maravilha Convida

Quando decidimos seguir uma agenda regular de exposições no Barracão convidar outros artistas nos pareceu o caminho mais interessante. Juntamos artistas da casa com artistas convidados em exposições planejadas coletivamente. Assim, o conceito simples de Barracão Maravilha Convida passou a representar muito das intenções de aproximação entre público e artistas que desejamos provocar, apresentando artistas com trajetórias muito jovens, ou com experiências em diferentes áreas do universo artístico. O resultado é a convivência constante com novas idéias e conceitos sobre a arte na atualidade, uma melhor compreensão das estratégias de profissionalização das atividades artísticas, a aproximação com outras instituições, etc.

Para esta exposição, inúmeros artistas surgiram nas conversas como possibilidade. Quatro dos seis artistas convidamos com base nas experiências que tivemos juntos em exposições realizadas no Barracão Maravilha: Túlio Bambino, Adeildo Roriz, Kristofer Paetau e Cadu D’Oliveira. Os outros dois que completam o grupo, Anita Sobar e Nobuyuki Ogata (Nobu), participam nesta ocasião, pois mirávamos há algum tempo a colaboração em uma atividade com eles.

Três artistas do grupo utilizam o audiovisual como recurso inerente ao trabalho – Túlio, Kristofer e Nobu. O vídeo é um fetiche para nós (do Barracão Maravilha). Pelo encantamento que é capaz de provocar, pela difusão ultramassiva no imaginário coletivo, pelas diferentes possibilidades técnicas à disposição atualmente... Os três artistas têm origens profissionais muito distintas, e nisso baseamos a maior parte da nossa escolha para convidá-los, além da qualidade das suas obras. Túlio e Nobu realizam trabalhos nas áreas de cinema e design, respectivamente, flertando eventualmente com o circuito de obras de arte realizadas com exclusividade para galerias e museus, que é onde (e para onde) Kristofer pensa e cria suas obras.

De outro modo, e utilizando outros meios, completam o conjunto da exposição a artista Anita e os artistas Cadu e Adeildo. Em suas obras podemos observar o resultado da artesania no processo de elaboração, da apropriação de imagens e objetos extraídos da publicidade excessiva da rua, dos circuitos de consumo de informação e lazer baratos, do seu redesenho e ressignificação, evidenciando as contradições desses circuitos e as impossibilidades imediatas de interagir com eles.

Há algo de concreto e aparentemente bruto nos meios utilizados por esses artistas – Anita, Cadu e Adeildo. Em contradição, há o objeto industrial e tecnologicamente perfeito que os meios audiovisuais, geralmente, têm como característica técnica representar. Talvez pela aparência imaterial da sua qualidade luminosa. Eis então uma grande oportunidade de ver o resultado dessa fusão.

A convite do Centro de Arte Hélio Oiticica, temos a oportunidade de apresentar o Barracão Maravilha Convida com dimensões de tempo e produção maiores, permitindo uma infinidade de novas relações de idéias, de prazer contemplativo, de delírio, ironia e lucidez, possíveis de se estabelecer a partir e através das obras desses artistas que generosamente aceitaram o convite do Barracão Maravilha e do Centro de Arte Hélio Oiticica.

Muito agradecido a todos!


Barracão Maravilha


Cadu D'Oliveira
Epopeia Cadulesca Série Bonecos para Pessoas de Grande Porte nº 1, 2009
boneco em pelúcia

Anita Sobar
Procura-se uma utopia (...), 2009
lambe-lambe
Kristofer Paetau
Andy!, 2008
Pigmentos metálicos de cobre, e urina de cão sobre telas
vídeo

Adeildo Roriz
Cerveja Bagaço, 2008
objeto




Adeildo Roriz
Propaganda sreading over my name, 2008
técnica mista





Adeildo Roriz
Jornal Bagaço, 2009
técnica mista

Barracão Maravilha

A arte de hoje, que acontece na rua, na vida, no mundo “pós-crise-dos-valores”, “pós-utópico”, “pós-moderno”, “pós-tudo”, pode ser vivida e agenciada por indivíduos que buscam reunir, entrecruzar, trocar, confrontar, almejando à construção de um comum, de um compartilhado, que nada mais é que uma das acepções para o termo “estética”. Nesse caso, a “estética” é compreendida como um regime específico de identificação e de pensamento das artes – como um modo de articulação entre as maneiras de fazer, as formas de visibilidade dessas maneiras de fazer e os modos de pensar de suas relações¹.

Esse modo de conceber a arte, a partir da perspectiva estética, serve de impulso para artistas como Hugo Richard, Natali Tubenchlak, Robson e Zé Carlos Garcia, integrantes e criadores do Barracão Maravilha, espaço que funciona desde 2008 como ateliê aberto, lugar de exibição, de elaboração, de apresentação e de discussão envolvendo o cenário contemporâneo das artes visuais.

De fato, a escolha de uma metodologia de trabalho que segue o perfil de barracão de escola de samba – local de reunião para a produção de um evento espetacular –, remete a um campo de possibilidades do experimental. Aqui, na realização dos projetos, os artistas estão atentos aos elementos constituintes da cultura urbana, com a intenção de promover uma interlocução permanente com outros profissionais, oriundos de outras linguagens plásticas, tais que a moda, o design e a própria fabricação de adereços e alegorias carnavalescos.

Também integram as bases conceituais e plásticas dessas poéticas peças constituintes de uma “urbanidade tipicamente carioca”: os antiquários da região do Lavradio, as cores e o universo popular das ruas e do comércio do Saara, a vida noturna e boêmia da Lapa, as marcações murais de grafiteiros, além de outras marcações simbólicas, corporais, urbanas, sociais e históricas da cidade.

A dinâmica explosiva do Barracão Maravilha remete às palavras de Hélio Oiticica, quando, numa série de notas de março de 1972, intitulada “Experimentar o Experimental”, parafraseia Yoko Ono e afirma que a função do artista é “mudar o valor das coisas”. Mais adiante, no final desse mesmo documento, Hélio lança um alerta: “os fios soltos do experimental são energias soltas que brotam para um número aberto de possibilidades. No Brasil, há fios soltos num campo de possibilidades: por que não explorá-los?”.

Fabiana de Moraes
doutoranda em Tecnologias da comunicação e estéticas pela ECO/UFRJ
mestre em Ciências da Arte pela Université de Paris I- Panthéon-Sorbonne

¹Definição desenvolvida por Jacques Rancière.
Zé Carlos Garcia
Pássaros, 2009
híbrido de móveis antigos, adornos e arte plumária



Robson
sem título (três figuras e a grande lâmina), 2009
grafite, colagem de fotocópia sobre papel e esculturas de isopor com empastelação, massa e pintura acrilicas.


Natali Tubenchlak
Devaneio poético dos momentos livres, 2009
técnica mista



Hugo Richard
sem título, 2009
acrílica sobre lençol e couro natural

Ecos de Hélio - dia 12 de setembro no Centro de Arte Hélio Oiticica

No próximo dia 12 de setembro, a partir das 16h, o Centro de Arte Hélio Oiticica abre novas exposições. E o Barracão Maravilha participa em duas frentes.

No segundo pavimento os artistas da casa - Natali Tubenchlak, Hugo Richard, Robson e Zé Carlos Garcia - e nas galerias do térreo, com curadoria do Barracão, os artistas convidados - Anita Sobar, Adeildo Roriz, Cadu D'Oliveira, Kristofer Paetau, Nobuyuki Ogata e Túlio Bambino.

E ainda tem no terceiro pavimento o esloveno Janez Jansa; os Jogos Objetos com "Os Dois Cia de Dança" e o lançamento do Núceo de Pensamento com Alex Varella.

Imperdível!


ECOS DE HÉLIO
Abertura: dia 12 de setembro de 2009 às 16h
Visitação: 13 de setembro a 20 de dezembro de 2009
Terça a sexta-feira das 11h às 18h
Sábado, domingo e feriado das 11h às 17h

Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
Rua Luís de Camões, 68, Centro
Rio de Janeiro, RJ, CEP.: 20060-040
Tel.: (21) 2242-1012 | 2242-1213 | 2232-1401

Artistas participantes:
Adeildo Roriz, Anita Sobar, Cadu D’Oliveira, Kristofer Paetau, Hugo Richard, Natali Tubenchlak, Nobuyuki Ogata, Robson, Túlio Bambino e Zé Carlos Garcia.